Irmandades Americanas: Luxo, Lágrimas e a Busca Frenética por Aceitação na Rush Week

Em universidades americanas, a “Rush Week” define futuros. Jovens investem alto, emocional e financeiramente, para ingressar em irmandades. Uma universitária do Texas exibiu no TikTok um look avaliado em mais de R$ 37 mil, incluindo bolsa Yves Saint-Laurent de R$ 10 mil e pulseira Van Cleef de R$ 27,2 mil, na esperança de ser aceita em uma das prestigiadas irmandades como Delta Delta Delta, Alpha Phi ou Kappa Kappa Gamma.

Essas organizações sociais, retratadas em filmes como “Legalmente Loira”, são conhecidas pela exclusividade. A Rush Week, um recrutamento de sete dias no início do semestre, determina quem entra. Julia Whitaker, da Kappa Delta na Flórida, descreve o processo: “As meninas interessadas visitam todas as casas no primeiro dia. Depois, começam as eliminações.” Este ano, 800 candidatas disputaram vagas.

O processo culmina no “Bid Day”, com a entrega dos resultados. Candidatas aprovadas comemoram com saltos e novos looks. Já as rejeitadas expressam sua decepção em vídeos nas redes sociais. Tilly, uma americana, gravou um desabafo emocionado sobre sua rejeição na Universidade de Missouri.

Bruna Camilo, socióloga, alerta que a cultura das repúblicas gregas expõe meninas já vulneráveis psicologicamente. “Elas querem pertencer, mas a dinâmica se torna sobre se encaixar em padrões para se sentirem amadas.”

Participar dessas repúblicas pode facilitar a criação de laços e redes profissionais, mas também gera discussões sobre padrões estéticos, preconceito e consumismo. Julia explica: “Desde criança, essas meninas sonham em fazer parte de uma irmandade. É uma pressão familiar e cultural.”

A aprovação depende de dinheiro para inscrição (até U$S 375), looks e estrutura emocional. A afinidade com os membros é crucial, assim como o desempenho acadêmico e cartas de recomendação. Baby, brasileira que integrou a Kappa Kappa Gama na Califórnia, explica que a irmandade eleva a popularidade: “Dá um status. Se entrar em alguma casa não tão bem ranqueada, pode ser melhor nem aceitar.”

O custo para participar de uma irmandade pode ser alto. As taxas semestrais na Universidade do Alabama chegam a US$ 4.750, incluindo refeições, e US$ 5.532 na Alpha Chi Omega. Além das taxas, há gastos com roupas e acessórios. A professora Destinee Moreh analisa os looks das candidatas, estimando gastos de US$ 2 mil em um único “look”.

Participar de uma irmandade exige tempo e dedicação, incluindo eventos de filantropia, estudos em grupo, festas e reuniões semanais obrigatórias.

A cultura das irmandades americanas difere do Brasil. Baby ressalta as oportunidades: “Nos Estados Unidos, a rede da sua república é muito maior. Abre qualquer porta.”

Contudo, a experiência tem prós e contras: rede de contatos, amizade e desenvolvimento de liderança, mas também alto custo, pressão estética e risco psicológico. Bruna Camilo alerta: “É preciso tomar cuidado para que um espaço de emancipação não vire de alienação social.”

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