As fintechs, empresas que unem tecnologia e serviços financeiros, transformaram a economia brasileira, atraindo milhões de usuários. Um exemplo é João Almeida, de 21 anos, que nunca precisou ir a uma bancária, gerenciando suas finanças pelo celular.
O rápido crescimento desse setor digital impõe desafios, como revelado por uma investigação que apontou a movimentação de R$ 140 bilhões em fundos de investimento por uma organização criminosa através de fintechs sediadas em São Paulo. Além da utilização para atividades ilegais, questões como regulação, segurança de dados e sustentabilidade financeira dessas empresas ganham destaque.
Fintechs surgiram da combinação das palavras “financial” e “technology”, oferecendo serviços menos burocráticos, de fácil acesso e, frequentemente, com custos reduzidos. O número de fintechs na América Latina aumentou 340% entre 2017 e 2023, consolidando a região como um polo de inovação financeira. No Brasil, a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) contabiliza 1.481 empresas, com mais de 250 milhões de contas digitais e cerca de 100 mil empregos diretos. Estima-se que 60 milhões de pessoas acessaram serviços financeiros pela primeira vez através dessas empresas.
A expansão das fintechs gerou competição com os bancos tradicionais em diversas áreas. Para os consumidores, isso significou operações mais rápidas, menos burocracia e acesso facilitado a serviços antes restritos. Um ambiente bancário antes concentrado abriu espaço para concorrentes oferecerem melhores condições. As fintechs contribuíram para a redução de tarifas, ampliaram o acesso ao crédito e aumentaram a conveniência, com serviços disponíveis via celular.
O crescimento do Nubank, com cerca de 100 milhões de clientes, demonstra o impacto das fintechs. A concorrência forçou os grandes bancos a reagirem, reforçando áreas como crédito, seguros e investimentos, e buscando ganhos de eficiência por meio da digitalização e do fechamento de agências.
A falta de regulação adequada permitiu o uso indevido da tecnologia, como no caso da organização criminosa. O governo federal anunciou que as fintechs deverão cumprir as mesmas regras de transparência e prestação de informações que os bancos tradicionais, sendo supervisionadas pelo Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). As empresas deverão seguir diretrizes de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, comunicando operações suspeitas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).
Especialistas alertam para a necessidade de uma regulação equilibrada, que garanta segurança e confiança sem sufocar a inovação e a competitividade do setor.