A Assembleia Geral da ONU de 2025, prestes a começar em Nova York, pode testemunhar o primeiro encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump desde o acirramento das tensões entre Brasil e Estados Unidos. Embora nenhuma reunião bilateral esteja confirmada, a possibilidade surge em um momento crítico, marcado pela aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros impostas por Washington.
Tradicionalmente, o Brasil abre os discursos na sessão plenária. Nos bastidores, fontes da delegação brasileira indicam a existência de uma antessala para os presidentes antes e depois dos discursos, mas não garantem um encontro.
Em entrevista, Lula afirmou não ter “problema pessoal” com Trump e que o cumprimentaria caso se encontrassem. Em agosto, um assessor da Presidência declarou que um encontro formal não estava nos planos, mas ressaltou que “nada é imutável”. Uma expectativa de encontro anterior, na cúpula do G7, não se concretizou.
A escalada de tensões teve início após críticas de Trump ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no STF e a subsequente imposição de sobretaxas às importações brasileiras. Lula reagiu chamando a medida de “chantagem inaceitável” e prometeu retaliar, regulamentando a Lei de Reciprocidade. As tarifas americanas entraram em vigor em 1º de agosto, e a condenação de Bolsonaro pelo STF reacendeu a disputa, com críticas de Trump e restrições de vistos a ministros da Corte, seguidas por um artigo de Lula em defesa da democracia brasileira.
Lula defendeu o diálogo como solução para conflitos, especialmente em questões comerciais e econômicas, mas ressaltou a inegociabilidade da soberania nacional. Em seu artigo, criticou as tarifas impostas, apontando para o superávit comercial americano com o Brasil nos últimos 15 anos e defendendo o papel do Judiciário brasileiro.
Especialistas avaliam que um diálogo significativo é improvável, dadas as posições firmes de ambos os governos. A expectativa é que qualquer contato seja meramente formal, restrito a momentos como a espera para discursar na Assembleia Geral. Os discursos, por sua vez, devem se concentrar em temas domésticos, com Lula abordando soberania e livre comércio e Trump focando em sua base eleitoral. A Assembleia, segundo especialistas, definirá o tom político global e indicará as tendências do pensamento internacional, mais do que gerar acordos ou alianças.