Taxa Selic Mantida: Copom Surpreende e Mantém Juros em 15% Apesar da Deflação

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou por manter a taxa Selic inalterada em 15% ao ano, contrariando expectativas de parte do mercado que apostava em um início de ciclo de cortes. A decisão mantém os juros no patamar mais alto em duas décadas, mesmo diante de sinais de arrefecimento da inflação e revisões para baixo nas projeções.

O mercado financeiro, refletido no boletim Focus, demonstrava otimismo com a trajetória da inflação. No início de março, a projeção para o fim do ano era de 5,68%, mas na semana anterior à decisão do Copom, a estimativa já havia recuado para 4,83%. A própria inflação oficial brasileira registrou deflação de 0,11% em agosto, a primeira queda geral de preços em um ano, segundo o IBGE.

Analistas apontam que a cautela do Banco Central se justifica pela persistência da inflação de serviços, considerada um termômetro da demanda interna. Apesar de ter desacelerado em agosto, o núcleo de serviços acumula alta de 6,17% em 12 meses, um patamar bem acima da meta de inflação. Esse indicador reflete a pressão do consumo e do mercado de trabalho aquecido, com taxas de desemprego em mínimas históricas.

Apesar da desaceleração gradual da atividade econômica, com o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) registrando quedas consecutivas, o mercado de trabalho permanece resiliente. A taxa de desemprego atingiu 5,6% em julho, o menor nível desde 2013, mantendo a pressão sobre a inflação de serviços.

As projeções de inflação para os próximos anos, embora em queda, ainda se mantêm acima da meta oficial de 3%, com uma margem de tolerância entre 1,5% e 4,5%. A incerteza fiscal também pesa sobre as expectativas, exigindo maior prudência por parte do Banco Central.

Fatores externos, como as políticas tarifárias de outros países, também contribuem para a cautela. Apesar de o impacto direto ser limitado, a incerteza global gerada por essas medidas pode influenciar as decisões de política monetária de outros bancos centrais, como o Federal Reserve (Fed) dos EUA, com possíveis reflexos no Brasil.

A decisão do Copom de manter a Selic em 15% sinaliza uma prioridade clara: o controle da inflação e a ancoragem das expectativas, buscando assegurar que as projeções futuras apontem para a manutenção da inflação dentro da meta estabelecida.

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