Um levantamento inédito revela que a conclusão da Educação de Jovens e Adultos (EJA) impacta positivamente a vida profissional, aumentando as chances de emprego formal e elevando a renda. A pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (4), analisou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2014 a 2022.
A EJA é uma modalidade de ensino voltada para pessoas com 15 anos ou mais que não concluíram o ensino fundamental ou médio na idade adequada. O programa oferece a possibilidade de concluir essas etapas em um período mais curto, permitindo a obtenção do diploma em até dois anos, dependendo do nível de ensino desejado.
O estudo mostra que jovens entre 19 e 29 anos que completam a EJA têm um aumento de 7 pontos percentuais na probabilidade de conseguir um emprego com carteira assinada. Além disso, a renda média desse grupo sobe de R$ 1.372 para R$ 1.474, representando um crescimento de 4,5%.
Entre os jovens de 19 a 24 anos, o impacto é ainda maior. A probabilidade de formalização no mercado de trabalho aumenta em 9,6 pontos percentuais, e a renda mensal passa de R$ 1.302 para R$ 1.400, um aumento de 7,5%.
A pesquisa destaca que os efeitos da conclusão do ensino médio pela EJA são sentidos logo no primeiro ano após a obtenção do diploma.
Apesar dos benefícios evidentes, a EJA enfrenta desafios como a queda no número de matrículas, na permanência dos alunos e até mesmo na oferta de vagas em diversas regiões do país. Em 2024, foram registradas apenas 2,4 milhões de matrículas na modalidade, um número significativamente menor do que as 4,9 milhões de matrículas registradas em 2008. No ano passado, mais de mil municípios não incluíram a EJA na oferta de suas redes de ensino.
A pesquisa também aponta que a oferta da modalidade atrelada à Educação Profissional e Tecnológica (EJA-EPT) ainda é baixa, sendo oferecida por apenas 13% dos municípios em 2024. Jovens com ensino fundamental e médio incompletos apresentam maior probabilidade de abandonar os estudos do que de migrar para a EJA. O risco de evasão é ainda maior entre homens, negros, residentes em áreas rurais, com menor renda domiciliar per capita e/ou que já estão trabalhando.